Estou aqui em São Francisco (CA/USA) a convite do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para participar do evento sobre ‘’O caminho para a transformação de educação tecnológica na América Latina’’.
E lembrei que estou nos Estados Unidos na semana em que acontece a tradicional Parada Gay, evento que luta pela igualdade. Recentemente, ocorreu um ataque em Orlando que matou e feriu várias pessoas numa boate GLS. O que reforça, ainda mais, a necessidade do respeito às diferenças e de como é importante ensinar a tolerância às crianças para garantir um ambiente de menos preconceitos.
Muitos não sabem lidar com as diferenças e, em algumas situações extremas, há quem termine amizades de longos anos e relacionamentos por causa das opiniões diferentes. Isso confirma que vivenciamos uma enorme onda de intolerância. Por isso, sempre ressalto um fator fundamental: quanto mais educação, maior a tolerância.
Muitos confundem e acreditam que ser tolerante é se adaptar ao que os outros querem, quando de fato é ter a capacidade de compreender, lidar com avaliações diferentes e conviver com opiniões divergentes, de modo respeitoso.
Assim como a capacidade de desenvolver um pensamento crítico e solucionar problemas, a tolerância é fundamental para os jovens que desejam estar preparados para a vida adulta e as demandas do futuro.
Certamente os pais também sentem, até mesmo de maneira mais intensa, a necessidade de serem tolerantes em seu dia a dia. O motivo é que esta não é uma habilidade qualquer, mas algo que a vida pede. Mas como desenvolver esta habilidade nas crianças? Este é um ensinamento que passa pela educação focada em empatia, respeito, resiliência e pensamento crítico. Por isso é essencial que além dos elementos tradicionais, como matemática e gramática, as unidades de ensino também foquem nas disciplinas emocionais, voltadas para os valores do ser humano.
É possível ensinar as crianças a desenvolverem a tolerância. Dê o exemplo: mostre que você – mãe, pai, avó, avô, tio, tia, padrinho, madrinha – pode lidar com opiniões distintas da sua, com maturidade e respeito. Ensine empatia! É fundamental ajudar os pequenos a refletir sobre o que se passa na cabeça do colega, apoiá-los no ato de se colocarem nos sapatos alheios e entenderem que há lógicas distintas. Explique que é impossível ser o outro, mas o exercício de tentar, com certeza, é rico.
Lembre situações positivas de tolerância – traga à memória deles alguns casos em que tiveram que lidar com posicionamentos diferentes, sem estresse. Seja porque o amiguinho não torce para o mesmo time, ou o primo crê em outra religião, enfim, o que se busca é que a criança tenha em mente uma lembrança positiva de um momento de tolerância. Fundamente no pensamento crítico da racionalidade e pergunte se faz sentido que elas maltratem o próximo por conta de questões políticas ou posições sobre o cenário econômico que são de seus pais. Ao pensar racionalmente, a resposta fica óbvia. Contextualize e pacifique. Explique e o incentive a ter uma posição construtiva.
Se todos adotarmos esta linha de raciocínio, teremos um ótimo começo.